Abstract
Julia Lopes de Almeida foi uma abolicionista do século XIX e uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras. O objetivo da discussão é resgatar essa escritora, tomando como base o processo de silenciamento e violência que atinge as mulheres dentro e fora do âmbito literário e personificado por Umbelina, em Os porcos, escrito em 1903. A referida obra não faz parte do cânone, dos renomados manuais de literatura, dos livros didáticos, nem tampouco do conhecimento do grande público. Contudo ela reflete as mazelas sociais resultantes de anos de submissão e ausência de reconhecimento, sobretudo da crítica que fomenta, grotescamente, pontos cegos na escrita feminina na historiografia da literatura. O diálogo entre a violência ficcional sofrida pela protagonista do conto e a violência simbólica e empírica vivida pela referida escritora andam ombro a ombro com as inúmeras violações de direitos vivenciadas pelas mulheres até os dias atuais. O referencial teórico compõe-se, principalmente, por Woolf (1928), Telles (1988), Perrot (2005) e Colling (2004). Discutiu-se a representação dessa mulher que anseia sair do silenciamento, que, por sua vez, também é uma forma de violência.
Highlights
Julia Lopes de Almeida was an abolicionist in the 19th Century and one of the idealizers of Brazilian Academy of Letters
The aforementioned work is not part of the canon, is not present in the most renowned manuals of literature, didactic books, nor has it ever reached a massive audience. It reflects the social ills resulting from years of submission and lack of acknowledgement, mostly due to its criticism that grotesquely exposes blindspots in the feminine writing in the historiography of literature
The dialog between ficctional violence which the main character suffers from and both symbolic and empirical violences that Julia Lopes de Almeida suffered from walk hand in hand with inumerous rights violations experienced by women these days
Summary
A luta feminina por direitos tais como respeito, igualdade, equidade, direitos e reconhecimento profissional perpassa pela questão da visibilidade. É inegável que o apagamento ao qual a mulher sempre esteve submetida por uma sociedade patriarcal também se reflete em outras instâncias. Entretanto, eles não foram capazes de sufocar o legado de uma brilhante escritora que, juntamente com outras, está sendo resgatada devido, em grande parte, à presença feminina nos espaços de poder destinados à teoria e à critica. Esta pesquisa forma parte deste resgate ao abordar não apenas os acontecimentos fictícios como também empíricos que envolvem a referida escritora e idealizadora da Academia Brasileira de Letras, órgão este que está no cerne da questão, a partir do momento em que seus integrantes impediram a indicação do nome de Julia Lopes de Almeida para candidatar-se a uma vaga na ABL, pelo simples fato de ser mulher. A análise proporcionou a ampliação de novas perspectivas tanto no campo dos estudos de gênero quanto no campo relacionado à formação de professores que, em não raros casos, não são apresentados, durante o processo de letramento acadêmico, a figuras brilhantes como Julia Lopes de Almeida
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