Abstract

Este artigo busca discutir acerca da experiência místico-especulativa que Nicolau de Cusa (1401-1464) propõe aos monges de Tegernsee para os conduzir à “sagrada obscuridade” ou “teologia mística”. O autor estava motivado pela discussão do século XV, sobre se se deveria entender a visão contemplativa de forma meramente afetiva ou intelectual. Esse debate envolvia dois grandes partidários de ambas perspectivas, respectivamente, Vicente de Aggsbach e Gerson. Após troca de cartas, Nicolau de Cusa envia aos monges beneditinos o De visione dei (1453) e um quadro que representa “a figura de alguém que tudo vê” denominado por ele “Ícone de Deus”. Destarte, a partir da experiência de olhar um quadro, cuja pintura traz a peculiaridade de o olhar pintado acompanhar aquele que o olha, Nicolau os leva a especular sobre a experiência do olhar de Deus que não abandona e acompanha todos e cada um. Logo, o caminho proposto no De visione dei é uma verdadeira “condução pela mão” (Manuductio) para que os monges, segundo as suas capacidades, alcancem a experiência mística: do olhar finito do quadro ao olhar infinito que é o próprio olhar de Deus. O artigo, portanto, dentro do âmbito da filosofia de Nicolau de Cusa mostra a via reflexiva que parte da experiência da finitude até a mais alta e profunda especulação que o homem pode vir a fazer: contemplar o divino.

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