Abstract

Dramaturgia cômico-satírica que flerta com o teatro do absurdo, cuja cena ficcional é uma reunião de departamento em uma universidade pública, no contexto brasileiro coetâneo; define a artificialidade, a falta de uma perspectiva de totalidade em face da situação problemática e a hipocrisia como elementos nucleares dos discursos. A constelação de sujeitos ficcionais, em suas relações, faz emergir questões históricas, sociais e ideológicas, afins ao universo letrado. O argumento é a normalização da precarização do trabalho nas universidades. O protagonista, participante da luta sindical contra a hiperexploração e o adoecimento docente, reivindica a compatibilização entre sua jornada laboral e contratual; ao solicitar dispensa dos encargos excedentes, sua demanda é reendereçada ao campo pessoal, como algo a ser tratado na esfera privada, obnubilando a dimensão coletiva da questão. As interlocuções foram permeadas por estratégias que visavam ridicularizá-lo, revelando um ideário – que nega sistematicamente os direitos trabalhistas dos servidores públicos (por alienação, cinismo ou niilismo) e reprime a capacidade de criticar o presente e planejar o futuro – afim aos neofascismos contemporâneos.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call