Abstract

Nas últimas duas décadas, começou a difundir-se uma ideologia pró-empresarial que enfatiza o desenvolvimento de capacidades e o esforço pessoal para estabelecer negócios ou empresas próprias; isso como uma saída diante da degradação das condições de trabalho e do recuo salarial em um amplo espectro de trabalhadores. Esta ideologia, conhecida como "empreendedorismo" ou "empreendimento", reconhece que o salário já não é suficiente para manter um estilo de vida individual ou familiar digno. Por isso, promove a ruptura com a condição de empregado, desenvolvendo habilidades mínimas de administração, utilizando a criatividade e, acima de tudo, assumindo o trabalho com entusiasmo e muita vontade, com o objetivo de criar "seu próprio negócio" além de beneficiar a sociedade. No entanto, economistas como Stiglitz (2015), Piketty (2015), Esquivel (2016), entre outros, chamaram a atenção para o fato de que para superar as condições econômicas desfavoráveis, geradas pela desigualdade própria do capitalismo do século XXI, é necessário mais do que entusiasmo e vontade. Neste artigo, analisa-se a ideologia do empreendedorismo sob uma ótica genealógica, bem como da antropologia filosófica, mostrando a continuidade desta com todo o discurso do burguês como um herói e do empresário como o self-made-man.

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