Abstract

O texto discute sobre os resultados de uma experiência de integração de saberes no ensino de ciências, realizada durante o Estágio Supervisionado na Licenciatura em Educação do Campo de uma universidade federal. O projeto teve como objetivo proporcionar, por meio dos conhecimentos tradicionais de uma comunidade do campo do município de Sacramento, na região do Triângulo Mineiro, o reconhecimento acerca do emprego da orientação pelas fases da Lua em práticas sociais, especialmente aquelas ligadas ao plantio e à colheita. A proposta foi desenvolvida com uma turma do 9º ano do ensino fundamental, com auxílio de uma maquete que possibilitava a visualização das fases da Lua atrelada às informações dos conhecimentos tradicionais daquela comunidade do campo acerca da Lua nas plantações. Este trabalho assume como perspectiva teórica a educação intercultural e defende a necessária integração dos conhecimentos tradicionais dos povos do campo no ensino de ciências. A análise dessa experiência demonstra que, mesmo para estudantes do contexto do campo, onde ainda há estreito vínculo entre os conhecimentos tradicionais sobre a Lua e as práticas sociais de plantio e colheita, o conhecimento científicoainda é priorizado por esses estudantes, que atribuem seu valor ao relato escrito em livros, ao passo que o conhecimento tradicional carrega, muitas vezes, apenas a transmissão oral. Os resultados apontam ainda a potencialidade da integração de saberes das próprias comunidades do campo na sala de aula, de modo a reconhecer que, ao dar voz ao conhecimento construído pelos sujeitos do campo, está se rompendo comuma maneira secular de exclusão de sujeitos, identidades, saberes e existências.

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