Abstract

Este trabalho se propõe a refletir sobre a representação linguística de aspecto a partir de um estudo de caso duplo, com dados de aquisição da linguagem sobre a associação entre aspecto lexical e aspecto gramatical. Seu objetivo principal é avaliar a hipótese da primazia do aspecto, segundo a qual a marcação de tempo-aspecto seria limitada pelo aspecto lexical dos verbos. Para tanto, coloca-se à prova a hipótese de que, no processo de aquisição de aspecto, a associação entre aspecto lexical e aspecto gramatical se baseia na relação entre telicidade e perfectividade. A partir da análise dos dados, a hipótese da primazia do aspecto não pôde ser refutada completamente. Todavia, abarcando diferentes propostas teóricas sobre as propriedades semânticas do VP (sintagma verbal), refuta-se a hipótese de que a primazia do aspecto estaria ancorada na relação entre telicidade e perfectividade. Demonstra-se, ainda, a compatibilidade dos dados com a proposta de telicidade dizer respeito à sintaxe interna ao VP. Por fim, argumenta-se que não haveria leitura composicional de aspecto nas etapas iniciais de aquisição.

Highlights

  • This paper debates the linguistic representation of aspect based on a double language acquisition study case with data on the association of lexical and grammatical aspect

  • Nesse empreendimento assumido pela linguística formal, pesquisas sobre o processo de aquisição da linguagem podem trazer contribuições, uma vez que os estágios iniciais de desenvolvimento da linguagem parecem indicar a existência ou a ausência de análises sintáticas mais complexas

  • Durante o processo de aquisição, situações télicas seriam exclusivamente associadas à morfologia de perfectivo e situações atélicas seriam exclusivamente associadas à morfologia de imperfectivo[2]

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Summary

Metodologia

Optou-se por um estudo de caso duplo com foco nas produções verbais iniciais, focalizando o intervalo de 1 ano e 6 meses a 2 anos e 2 meses, de falantes de línguas distintas: português e inglês. A fim de buscar uma unidade em sua análise, este artigo retomou a classificação dos dados apresentados originalmente pelos autores, verificando-a com base em critérios e características propostas por Dowty (1979), em seu capítulo abarcando as classes aspectuais dos verbos e predicados verbais. No caso da criança A, a marcação imperfectiva progressiva se associa às classes de verbo atividade e accomplishment, embora os autores do trabalho original ressaltem que, na etapa 1, as primeiras realizações da forma progressiva pela criança A tenham sido verbos de atividade ou achievements “usados de forma iterativa” Determinadas classificações de produções da criança A, no quadro 2, são revistas para este artigo com base nos comentários fornecidos por Shirai e Andersen (1995), já que não se obteve acesso ao corpus original. A partir desses dados, analisam-se, nas próximas seções: (i) o cumprimento das sistematizações previstas pela hipótese da primazia do aspecto; (ii) a pertinência da hipótese de que telicidade determinaria a marcação perfectiva e (iii) o papel da telicidade na composicionalidade aspectual entre VP e marcação morfológica

Análise dos dados
Do original
Considerações quanto à hipótese da primazia do aspecto
Considerações quanto à relação entre telicidade e perfectividade
Considerações quanto à composicionalidade aspectual
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