Abstract

As lidas campeiras caracterizam-se por um conjunto de práticas relacionadas ao abate de animais, sendo compostas por diversos ofícios, dentre eles a carneada, processo de abate e transformação de animais em alimento e artefatos a partir do couro, lã e ossos. Com base em estudo etnográfico sobre a carneada de ovelhas no município de Jaguarão, Rio Grande do Sul, este artigo busca refletir sobre a aprendizagem deste ofício, composto por uma série de técnicas para transformação das ovelhas em carne. Conforme Marcel Mauss, o corpo é o primeiro objeto e instrumento técnico dos seres humanos e aprender uma técnica faz parte da educação do corpo, influenciada por práticas e modos de vida. A partir da abordagem de Ingold (2010) de uma “educação da atenção”, pode-se dizer que o carneador aprende a carnear na companhia de outros carneadores, dos animais e pela experiência nas lidas campeiras. É a partir de relações de observação, convívio com as lidas e com as ovelhas antes do abate que os carneadores aprendem a exercer uma carneada bem-sucedida, assim considerada aquela em que o animal morre rapidamente e que produz uma carne de boa qualidade. Investigar os processos de aprendizagem da carneada de ovelhas é o objeto principal deste artigo.

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