Abstract

Para Schopenhauer, a arte poética apresenta uma natureza diferenciada em relação as outras artes no que tange aos meios estabelecidos pelo filósofo para a sua exposição (Darstellung) e a relação entre tal exposição e a intuição genial que a precede. Afinal, como admitir que para a poesia também vale a concepção de que, sendo essencialmente intuitivas, as Ideias seriam por ela expressas de forma límpida e vivaz, se o material com o qual o poeta trabalha são conceitos abstratos? Ou seja, como conciliar esta condição da arte poética com o pressuposto da metafísica do belo schopenhaueriana segundo o qual “o conhecimento da Ideia e necessariamente intuitivo, não abstrato”? Com o presente artigo, pretendemos evidenciar como Schopenhauer, logo no início do §51 do Tomo I de O mundo como vontade e como representação, se esforça para indicar algumas saí das para a questão. A principal delas é a defesa de que o poeta só conseguiria fazer o ouvinte intuir as Ideias da vida com a ajuda de sua [do ouvinte] própria fantasia. O filósofo apresenta também outras observações sobre o modo com que os conceitos teriam de ser reunidos para que a fantasia do ouvinte seja posta em movimento, assim comosobre o ritmo, a rima etc., questões de exposição poética que aparecem ainda mais especificadas nas Preleções sobre a Metafísica do belo(1820).

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