Abstract

A partir de meados do Século 19 as alterações causadas na geomorfologia do litoral do Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo foram intensas, afetando, inclusive, os ambientes de costa rochosa. Relevos rochosos na costa foram destruídos ou desfigurados para extrair sedimentos e fragmentos de rocha para construir muros, casas, edifícios, pontes, portos, ruas e rodovias. A expansão das áreas urbanas desses municípios com aterros avançou consideravelmente sobre o litoral da Baía de Guanabara e sobre a costa oceânica. Encostas de montanhas, morros e ilhas que abrigavam ecossistemas marinhos, foram destruídas, ou passaram a ser ambientes urbanos. Mensurações no campo e nas imagens do Google Earth indicam que foram destruídos 45,7 km lineares de ambientes naturais de costa rochosa, incluindo: 16,8 km de campos marinhos de blocos e clusters marinhos de blocos; 8,9 km de pequenas baías rochosas, costa retilínea e convexa, com perfis de costão e falésia; e pequenas ilhas rochosas com perímetro total de 18 km. Esses ambientes rochosos naturais foram substituídos por estruturas artificiais, ou tecnoformas, que retificaram o litoral. A construção de estaleiros, portos e marinas criou costa dentada e baías com estruturas de concreto. Do total de 95 km lineares de estruturas construídas, 26,2 km são enrocamentos que servem de contenção para aterros, guia-correntes e quebra-mares. Muros e alicerces para viadutos e edifícios totalizam 68,5 km. Essas formas antropogênicas tendem a ser menos resistentes aos eventos naturais extremos que as tipologias geomorfológicas naturais, e devem ter alterado os padrões de circulação das correntes marinhas e o transporte de sedimentos. Falta ainda saber como essa substituição influencia as espécies marinhas bentônicas.

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