Abstract
Este artigo discute a relação entre traçado urbano, relevo e hidrografia, enquanto agenciamento que configura uma identidade palpável da forma urbana, porque baseada na evidência material de algumas das suas principais características constituintes. A cidade de São Paulo, expoente de uma metrópole contemporânea, é tomada como objeto de análise, e o bairro da Penha, na zona leste do município, como estudo de caso específico, por ser um estrato de tecido urbano que apresenta uma transformação radical no tempo, evidenciando, na atualidade, uma série de conflitos. A metodologia utilizada consiste de dois procedimentos, um teórico e um prático, respectivamente: decomposição sistêmica do tecido urbano, com ênfase no traçado e na identificação de duas escalas concomitantes – dos tecidos locais e da rede de infraestruturas metropolitanas; elaboração de seis lâminas cartográficas na escala 1: 50.000, que serviram tanto para demonstrar a transformação radical do tecido urbano quanto para identificação dos conflitos resultantes da interface entre a hidrografia, o leito carroçável, calçamento e o parcelário, que constituem o espaço público do traçado urbano, bem como oitenta e quatro desenhos de “caixas de rua”, que demonstram, esquematicamente, quais são as principais características destes conflitos.
Highlights
This paper discussess the relation between road system
as an agency that configures a palpable identity of the urban form
as a study case that presents a radical transformation in the time
Summary
A presença da água engloba todo o território, integralmente. Neste sentido, a bacia hidrográfica pode ser considerada como uma unidade fundamental, pois permite toda uma compartimentação do relevo, ao mesmo tempo em que possibilita uma visão transescalar do território. Esta cartografia apresenta a riqueza da hidrografia na época, onde a maioria dos rios, com os meandros então inalterados, dava suporte a outros tipos de ocupação, como atividades agrícolas, de pesca, olarias etc, e compunham com o relevo um quadro de justaposição entre os núcleos urbanos, consolidados a partir dos topos de colinas, que se espraiavam nas encostas e findavam limítrofes às áreas de fundo de vale. No caso de São Paulo, o crescimento significativo da sua mancha urbana a partir da segunda metade do século XX está diretamente relacionado com esse modo específico de fazer cidade, que se alheia e se sobrepõe ao sítio precedente em função de um aumento dos fluxos de transporte propiciados por uma expansão do traçado viário. Córrego Tiquatira e Viaduto Cangaíba, 1986 (fonte: Acervo Museu da Cidade de São Paulo)
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