Abstract

Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados de análises de um estudo de caso sobre modos de interação estabelecidos entre uma criança com autismo e os adultos em uma brinquedoteca. Apoia-se nos estudos de Lev Semenovitch Vigotski e Mikhail Bakhtin, que abordam o papel da linguagem na constituição da consciência e enfocam os processos de significação que subjazem aos processos interativos. Os dados foram registrados por meio de filmagem, gravação em áudio e anotações em diário de campo em uma brinquedoteca universitária, que atendia crianças com e sem deficiência, contando para isso com a participação de graduandos do curso de Educação Física, docentes da universidade e uma psicóloga. As análises foram desenvolvidas de forma a compreender os processos interativos estabelecidos entre um menino com autismo de dois anos e oito meses, que não apresenta uma linguagem articulada, e dois adultos. As análises indicaram que a criança interage com adultos, utilizando recursos não verbais, os quais são significados por eles, o que permite manter a interação e enriquecer as possibilidades de interlocução. O estudo conclui que, mesmo não tendo uma fala articulada, essa criança se constitui como um sujeito em condições de se posicionar de forma ativa e responsiva nos processos interativos estabelecidos com os adultos. Nesse processo, o papel do adulto é fundamental de forma a criar condições favoráveis à participação da criança no jogo dialógico.

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