Abstract

Este artigo pretende investigar a relação entre composição e improvisação musical no contexto estético da música contemporânea, tendo por base a noção de improvisação não idiomática (improvisação livre). Aborda-se tal relação inicialmente a partir de um panorama histórico da ontologia por trás do conceito de obra musical segundo os escritos de Treitler (1993), delineando-se a predominância de um senso hierárquico entre partitura (escrita por um compositor) e interpretação (desenvolvida por um performer). Ao se apresentar uma conceituação sobre improvisação musical e sua relação histórica de oposição à composição, são expostas ideias de Bailey (1993), Falleiros (2006) e Canonne (2016). Trabalha-se com o conceito de comprovisação, conforme delimitado por autores como Bhagwati (2014) e Aliel (2017). A obra musical de Richard Barrett (2014) surge como exemplo de superação da hierarquia entre composição e improvisação por utilizar-se do conceito de improvisação semeada (seeded improvisation), um recurso criativo que engloba a improvisação livre por parte dos intérpretes no contexto de obras compostas com o uso de elementos notacionais. A partir desta ferramenta composicional, se desenvolveu a comprovisação Hiatos (BACELLAR, 2019). Concluiu-se que nesta obra foi amenizada a distância hierárquica entre compositor e performer através do emprego da improvisação e da escrita notacional, emergindo interações entre diferentes idiomas musicais. Destacam-se os aspectos interculturais como próprios da prática comprovisativa, os quais necessitam do desenvolvimento de ferramentas analíticas apropriadas.

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