Abstract
Resumo Este artigo examina uma seleção de cânticos protestantes socialmente engajados produzidos nos anos 1970, período em que a polarização cultural-ideológica entre "alienados" e "engajados" existente no circuito da música popular brasileira repercutiu na esfera da música cristã brasileira. O objetivo é averiguar os componentes de nacionalismo musical e engajamento social desses cânticos protestantes e também analisar como essas canções expressavam uma idealização do futuro, "o dia que virá" prognosticado tanto pelas canções de protesto seculares como também pelos cânticos protestantes.
Highlights
A Canção do Senhor na terra dividida: a música engajada dos protestantes brasileiros sob repressão militar e religiosa
Palavras‐chave: canção brasileira de protesto; música protestante socialmente engajada; nacionalismo musical; música popular brasileira religiosa Abstract: This paper examines a selection of socially engaged Protestant songs of the 1970s, when the cultural‐ideological polarization between “alienated” and “engaged” in the sphere of Brazilian popular music reverberated in the realm of Brazilian Christian music
Our goal is to examine the components of musical nationalism and political and social engagement of those Protestant songs, and to analyze how those songs expressed an idealization of the future, “the days to come” predicted both by secular protest songs and Protestant hymns
Summary
Resumo: Este artigo examina uma seleção de cânticos protestantes socialmente engajados produzidos nos anos 1970, período em que a polarização cultural‐ ideológica entre “alienados” e “engajados” existente no circuito da música popular brasileira repercutiu na esfera da música cristã brasileira. Em reação ao repertório estrangeiro que abundava em suas igrejas, e também em oposição ao autoritarismo do governo militar brasileiro recém‐instalado, teólogos e músicos protestantes incorporaram o idioma musical popular brasileiro ao canto cristão, cuja letra foi acrescida de críticas à letargia religiosa e à passividade política da igreja no Brasil. Uma polarização semelhante ocorreu na esfera da música protestante quando os setores cristãos mais politizados passaram a criticar não apenas a letargia espiritual como também a passividade política dos evangélicos brasileiros. Ao situar as canções protestantes no contexto musical, religioso e político do Brasil nos anos 1960/1970, também verifico se essas canções não estavam a emitir implicitamente uma idealização do futuro, “o dia que virá” nos libertar, prognosticado tanto pelas canções de protesto seculares como também pelos hinos protestantes sobre o fim do mundo.
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