Abstract

O presente trabalho tem como objetivo investigar a questão do múltiplo na obra – A guerra não tem rosto de mulher, de Svetlana Aleksiévitch –, assumindo como perspectiva de análise um ângulo ontológico voltado aos múltiplos “eu” que vivenciam a guerra. Para alcançar esse objetivo, o trabalho aprecia uma intercessão entre dois operadores utilizados pela autora: tempo e existência. De um lado, uma dimensão temporal que se estende por um eixo horizontal, revelando uma permanência do “eu”, que transcorre por três cenários cronológicos distintos – o antes, o durante e o após a guerra. De outro lado, um eixo vertical acessível por estratos, compreendendo a existência de múltiplos “eu” que coabitam o estar na guerra. O que é indicativo de um estar no mundo marcado por um desespero fundamental, em que o sujeito é posto em confronto direto com distintas versões de si – o soldado, o homem e o animal. A ideia central, portanto, é a de problematizar como antes de narrar múltiplas guerras, a autora inspeciona múltiplas versões do “eu”; versões estas que ganham espaço, conforme a intensidade do fenômeno bélico avança. Quanto à presença de uma experiência ontologicamente autêntica, essa se revela a partir de uma contemplação do ser, algo em torno da capacidade do próprio “eu”, brevemente, suspender tempo e espaço e se reconciliar consigo e com a natureza.

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