Abstract

Resumo Esta investigação analisa a constituição do pensamento histórico de jovens estudantes entre 12 e 14 anos do ensino fundamental no Brasil e em Portugal, com relação aos fatos que se articulam nas histórias nacionais dos dois países. Os eventos escolhidos para o estudo em questão concentram-se em elementos relacionados ao conteúdo substantivo e à meta-história, no ensino de história do Brasil e história de Portugal. Analisamos, neste artigo, a forma como os alunos brasileiros e portugueses responderam ao desafio de pensar a história do Brasil sem a presença portuguesa. Nosso trabalho se fundamenta na ideia de que, para a constituição de aprendizagens históricas, é importante que os alunos sejam capazes de compreender as diversidades históricas do passado humano reconstituído pela historiografia. Isso implica na capacidade de produzir conhecimentos a partir da consciência de que o conhecimento sobre o passado é realizado perante a evidência histórica. Entre os resultados que encontramos está a forma tradicional de ensinar história que ainda vigora, principalmente nas escolas brasileiras: a falta de utilização de marcadores temporais pelos alunos brasileiros. Com relação à análise das narrativas, pudemos perceber, na maioria dos jovens, um entendimento do passado como estático, mas também encontramos narrativas que estabelecem uma relação entre presente, passado e futuro ao perspectivar a possibilidade de mudança do curso dos fatos.

Highlights

  • Nosso trabalho se fundamenta na ideia de que, para a constituição de aprendizagens históricas, é importante que os alunos sejam capazes de compreender as diversidades históricas do passado humano reconstituído pela historiografia

  • This research analyses the constitution of the historical thought of young students ages 12-14 from elementary schools in Brazil and Portugal, concerning facts articulated with the national histories of both countries

  • A exemplo de alguns alunos brasileiros, a ausência do descobrimento traria consequências positivas: “Ia permanecer como no início ainda teria mais índios, pois não teriam sido explorados de forma tão brutal”; “Ia permanecer igual com uma história menos dolorosa, teriam muito mais liberdade os índios, pois não seriam explorados pelos portugueses”

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Summary

Enquadramento teórico

A investigação em educação histórica tem como objetivo entender as relações que alunos e professores estabelecem com os conceitos e as categorias históricas, sejam ideias substantivas ou de segunda ordem. Quanto aos conceitos de segunda ordem, são aqueles que estão envolvidos em quaisquer que sejam os conteúdos a serem aprendidos, dentre os quais podemos citar noções temporais como continuidade, progresso, desenvolvimento, evolução, época, enfim, aqueles que se referem à natureza da história (LEE, 2001). Para Rüsen (2001), a meta-história – os conceitos de segunda ordem – constitui uma reflexão sobre a natureza da história com base na história enquanto algo que ocorreu no passado. O entendimento das relações que alunos e professores estabelecem com os conceitos e as categorias históricas tem sido alvo de várias pesquisas na área de educação histórica. Esses estudos visam compreender as ideias de crianças e jovens na perspectiva de que é possível a construção de ideias históricas gradualmente mais sofisticadas pelos alunos, no que diz respeito à natureza do conhecimento histórico (como, por exemplo, nas pesquisas de BARTON, 2001; WERTSCH, 2002; BARCA, 2011, 2007; SCHMIDT, 2008; GAGO, 2007; GEVAERD, 2009; ALVES, 2011)

Enquadramento metodológico
Instrumentos e procedimentos de aplicação
Reflexões preliminares sobre o estudo
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