junho de 1919, os trabalhadores da construção civil de Salvador, reunidosno Sindicato dos Pedreiros, Carpinteiros e Demais Classes (SPCDC), foram os principais responsáveis pela eclosão, consecução e êxito da greve geral que virtualmente paralisou as atividades produtivas da cidade. A partir de então, essa associação incentivou a fundação de diversos sindicatos de resistência e tornou-se vetor de novas greves. Também articulou o Primeiro Congresso de Trabalhadores Baianos (julho de 1919) e colaborou decisivamente na criação da Federação dos trabalhadores Baianos (FTB) em fevereiro de 1920. Ademais, de seuinterior saíram importantes quadros que atuaram na organização do Partido Socialista Baiano (agosto de 1920). Sua atividade contou, ainda, com a publicação de dois jornais operários e com a fundação de uma escola proletária. Considerando a pluralidade das experiências históricas dos mundos do trabalho no Brasil e focalizando as múltiplas práticas e iniciativas sustentadas pelos militantes do SPCDC, procuramos identificar as especificidades e as regularidades presentes no caso baiano em relação a outras experiências. A circulação de ideias e ativistas – socialistas e anarquistas – constitui-se, assim, num importante fator para clarificar a compreensão das manifestações proletárias do período em Salvador. Pois, nutrindo-se de estímulos provenientes de outras regiões do país e do mundo, tais como campanhas, greves e reivindicações, mas baseados também em suas próprias experiências de exploração e sobrevivência, os operários baianos conseguiram auferir vantagens materiais, organizativas e políticas. Para tanto, urdiram laços de solidariedade e identidade classista que possibilitaram afirmarem-se como um ator social e político habilitado na sociedade soteropolitana.