Em uma atualidade marcada pela interdependência complexa, conceito analítico que, segundo Robert Keohane e Joseph Nye, “refere-se a situações caracterizadas por efeitos recíprocos entre países ou entre atores em diferentes países” (2011, 22), existem duas maneiras básicas para a ação dos Estados no sistema internacional: pela cooperação ou pelo conflito. Sendo a cooperação internacional analisada, nesta pesquisa, como uma relação entre atores que possuem como objetivo atingir planos conjuntos de ação e desenvolvimento. A partir do método hipotético-dedutivo, e utilizando-se do estudo do caso do míssil A-Darter, projeto conjunto entre Brasil e África do Sul, objetiva-se compreender o modelo empregado neste caso de cooperação sul-sul, especificamente voltado para a inovação de produtos de defesa, e quais as dinâmicas e consequências destes projetos para o desenvolvimento tecnológico de países do Sul global. A hipótese é que há uma recorrente busca por alternativas mais independentes e sustentáveis de desenvolvimento tecnológico por países do Sul, que a partir de projetos conjuntos e por meio do compartilhamento de competências, podem possibilitar a redução da dependência tecnológica mundial. Busca-se, portanto, compreender as razões, dinâmicas e consequências da cooperação sul-sul em matéria de defesa a partir do estudo de caso do míssil A-Darter. Especificamente, abordam-se as razões da cooperação sul-sul para o desenvolvimento do projeto conjunto Brasil-África do Sul, suas dinâmicas de cooperação (objetivos, características e execução do projeto) e consequências positivas e negativas da iniciativa. As fontes utilizadas serão secundárias e primárias, inclusive mediante pesquisa de campo e realização de entrevistas semiestruturadas. Espera-se contribuir para a compreensão acerca da estrutura e concepção do caso de cooperação selecionado, suas oportunidades e dificuldades, a fim de evidenciar alternativas de avanço e que permitam fortalecer novos modelos de desenvolvimento tecnológico à BID brasileira, produzindo assim resultados com ganhos em capacidades militares, econômicas e políticas nacionais.