Este artigo tem por objetivo discutir a construção da memória coletiva em Vitória da Conquista (BA) a partir de três monumentos representativos da coleção dessa cidade: a peça em homenagem aos Bandeirantes, a peça em homenagem a Nossa Senhora da Vitória, padroeira da cidade, e a peça em homenagem aos Índios Mongoiós. A pesquisa constatou que no contexto de redemocratização do Brasil, após a década de 1980, houve um aumento no erguimento e na promoção de monumentos nesta cidade. Esse fenômeno se evidencia, sobretudo, com o erguimento de peças escultóricas que apresentam temas e narrativas ligados às memórias antes desprestigiadas, ou excluídas do tecido social urbano, como por exemplo, o monumento aos índios. Nessa perspectiva, constatamos, pois, que os monumentos da cidade constroem um espaço patrimonial polifônico onde atuam múltiplas memórias num campo de disputas, conflitos, contradições, rupturas e, também, de continuidades. Podemos dizer que essa prática se expressa como uma afirmação social do poder local, num contexto nacional de autonomização política da municipalidade decorrente, entre outros fatores, das prerrogativas constitucionais instituídas pela Constituição Federal de 1988, as quais redefiniram a concepção de cultura, ampliaram o conceito de patrimônio cultural e, por conseguinte, evidenciaram (re)leituras da Memória e da História da cidade.