As espécies vegetais fibrosas ocupam papel de destaque no cotidiano das comunidades tradicionais amazônicas ao lado das espécies medicinais, alimentícias e madeireiras. Na microrregião do Salgado do estado do Pará - constituída pelos municípios de Colares, Curuçá, Magalhães Barata, Maracanã, Marapanim, Salinópolis, Santarém Novo, São Caetano de Odivelas, São João de Pirabas e Vigia - as fibras vegetais são usadas em cestaria, trançados, fixadoras em substituição ao prego, adornos e vestuário. Para a elaboração do presente trabalho, os dados foram obtidos entre artesãos e pescadores artesanais da microrregião do Salgado do estado do Pará, com cerca de 150 entrevistas semiestruturadas. Foram registradas 17 espécies, distribuídas em oito famílias e 17 gêneros utilizados na preparação de implementos de pesca artesanal, cujas matérias prima são provenientes de diversas partes da planta, onde as talas são da haste caulinar de Marantaceae e estipe de Arecaceae, os cipós são raízes de Araceae e Cyclanthaceae e os caules de Bignoniaceae e Dilleniaceae, enquanto que as palhas são folhas e pinas de Arecaceae. A família mais representativa com relação ao número de espécies e o fornecimento de matéria prima utilizada foi Arecaceae com 8 spp., seguida de Dilleniaceae e Araceae com 2 spp., Bignoniaceae, Bombacaceae, Cyclanthaceae, Marantaceae e Poaceae com 1 sp. cada. O trabalho visa contribuir para o conhecimento das espécies vegetais fibrosas, quanto a sua morfologia, origem e manuseio da matéria prima, os produtos confeccionados e seus usos, além do registro dos aspectos culturais da utilização de espécies vegetais fibrosas no cotidiano da atividade pesqueira artesanal daquela microrregião.
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