Dos manuscritos da Poética de Aristóteles que chegaram aos nossos dias, na condição de fonte primária subsistente (codd.), temos apenas dois textos gregos (o que consta no codex Parisinus Graecus 1741 (=A), proveniente do séc. X/XI, e o que consta no codex Riccardianus 46 (=B), do séc. XII), a tradução latina de G. de Moerbeke (codices Etonensis 129 (=O), de 1300, e Toletanus bibl. Capit. 47.10 (= T), de 1280), e a tradução árabe de Abu-Bishr Matta, feita a partir da tradução siríaca desaparecida. O que pretendo, nesse artigo, é descrever o percurso do assim chamado Manuscrito Alfa da Poética de Aristóteles, ou seja, a que consta no codex Parisinus Graecus 1741 entre as páginas 184 e 199. Pretendo ainda fazer alusão à importância de um estudo sobre as condições em que se dá a apreensão do texto antigo. De fato, a leitura que fazemos hoje da Poética é composta da variação de sentido inerente ao entendimento, o que é óbvio, e da variação, muitas vezes sutil e, via de regra, determinante, do que foi efetivamente escrito, há tantos séculos, com o estilete de um ou outro escriba.
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