O Brasil é o segundo maior produtor de tabaco do mundo e o maior exportador do produto. No campo, há predomínio de produtores de agricultura familiar que produzem a matéria-prima, vendendo-a exclusivamente para a agroindústria do tabaco, sob Sistema de Integração de Produção. Nesse sistema, todos os trabalhadores envolvidos nos diferentes processos produtivos, inclusive fornecedores e subcontratados, devem seguir normas entre as quais as de Segurança e Saúde Ocupacional. O presente estudo objetivou verificar se a indústria fumageira com certificação do Sistema de Gestão Integrado está repassando as questões de Segurança e Saúde do Trabalho aos seus fornecedores de matéria-prima. O estudo foi conduzido em um município do Núcleo Regional de União da Vitória, PR. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas em 11 propriedades agrícolas, que comportam diretamente 29 trabalhadores rurais envolvidos na fumicultura. A metodologia utilizada foi de estudo de caso múltiplo, por meio de observação direta e entrevistas. As atividades realizadas nas propriedades pelos fumicultores na época de colheita e secagem do fumo caracterizaram-se pela carga horária média de trabalho de 11 horas. Observou-se falta de treinamento efetivo do modo de usar o Equipamento de Proteção Individual (EPI) e de procedimentos de sua manutenção. Os sintomas relacionados à Doença da Folha Verde do Tabaco (DFVT) ou intoxicações com agroquímicos informados pelos trabalhadores foram semelhantes nas diferentes propriedades. Os resultados obtidos demonstram a ausência de diferenciação no tema segurança e saúde do trabalho entre as indústrias com ou sem certificação do Sistema de Gestão Integrado na Região.
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