RESUMOObjetivo.Investigar a soroprevalência de SARS-CoV-2 na região do Vale do Rio Pardo, Rio Grande do Sul, Brasil, e analisar a associação entre soroprevalência e adesão por parte da população às medidas de distanciamento social.Método.Este estudo transversal de base populacional compreendeu quatro etapas de coleta domiciliar de dados entre agosto e outubro de 2020. A soroprevalência foi avaliada utilizando teste rápido de anticorpos IgM e IgG. Foram coletados, ainda, dados demográficos, socioeconômicos, clínicos e comportamentais, com aplicação de um questionário de três perguntas sobre adesão a medidas de distanciamento social, com foco no nível de distanciamento social que o entrevistado conseguia praticar, rotina de atividades do entrevistado e circulação de pessoas na casa. A associação entre os dados sociodemográficos e a prática de distanciamento social foi avaliada pelo teste do qui-quadrado para tendência linear e heterogeneidade de proporções, e a associação entre o distanciamento social e a soroprevalência foi avaliada pela regressão de Poisson (intervalo de confiança de 95% [IC95%]; P < 0,05).Resultados.Dos 4 252 indivíduos testados e entrevistados, 11,8% (IC95%: 10,8; 12,8) não aderiram ao distanciamento social. A prevalência de teste rápido reagente foi de 4,7% entre aqueles que não realizaram distanciamento social e de 1,9% entre aqueles que realizaram distanciamento social (P < 0,05). As variáveis sexo masculino, faixa etária de 20 a 59 anos, ensino médio, renda familiar mensal de R$ 3 136,00 a R$ 6 270,00 e morar na zona urbana apresentaram associação com a não adesão ao distanciamento social (P < 0,05). A adesão a todas as medidas de distanciamento social foi fator de proteção contra a infecção de SARS-CoV-2 (razão de prevalência: 0,37; IC95%: 0,19; 0,73).Conclusões.Os resultados indicam uma redução da soroprevalência pelas medidas de distanciamento social.