Nos anos 50, em Lisboa, vários estudantes provenientes de diferentes colónias portuguesas em África encontraram-se na CEI –Casa dos Estudantes do Império, um centro cultural e de lazer para universitários e intelectuais vindos de África ou da Ásia. Sublinharia nomes como Amílcar Cabral (1924–1973), Mário Pinto de Andrade (1928–1990) e Agostinho Neto (1922–1979), famosos ativistas que, naquela altura, investiram em formas de resistência cultural contra o colonialismo, sendo a literatura um dos meios para despertar reflexão/ consciência política no meio estudantil. As mulheres que se destacaram neste meio cultural e académico foram Noémia de Sousa (1926–2002), Alda Lara (1930–1962) e Alda do Espírito Santo (1926–2010). Esta investigação reavalia o papel destas três mulheres na frente de intervenção cultural para a formação da consciência política coletiva que desembocou nas lutas de independência das colónias portuguesas. Estas três mulheres também são as primeiras autoras integradas nos respetivos sistemas literários nacionais, tornando-se figuras fundadoras numa genealogia do contributo literário das mulheres. No entanto, as suas obras também representam uma geração particular, enquadrada pela atmosfera da CEI. Como consequência do ativismo político desenvolvido nos corredores da CEI, alguns dos jovens intelectuais comprometidos tiveram de deixar Portugal, exilando-se em Paris, onde se reuniram em torno da revista Présence Africaine. Este artigo também explora a ligação da CEI a Paris, via Mário Pinto de Andrade e a sua mulher, a cineasta Sarah Maldoror (1938–),a qual adaptou textos de Luandino Vieiraao cinema(Monangambé, 1968,and Sambizanga, 1972). Na altura, o cinema de Maldoror foi um meio para divulgar internacionalmente o regime contra o qual o povo angolano lutava. O objetivo final desta investigação é explorar a articulação entre a obra destas quatro autoras e o ativismo política da CEI.