A agricultura urbana passou a se destacar no cenário mundial nos últimos anos do século XX e início do XXI, em decorrência da maior preocupação de parcela da população com a segurança alimentar e do agravamento dos problemas sociais, econômicos e ambientais nas cidades. No contexto europeu, a agricultura urbana não é um fenômeno recente, no entanto, a forma como é gerida pelo poder público tem apresentado significativas mudanças, pois essa atividade tende a ser cada vez mais integrada à gestão urbana e às políticas de ordenamento territorial. Esse é o caso das hortas urbanas em Portugal, analisadas neste artigo. Verificou-se, por meio da pesquisa de campo, que há hortas que surgiram espontaneamente e o poder público não exerce nenhum controle ou fiscalização sobre as mesmas e há hortas organizadas pelo poder público. A crise econômica e seus efeitos sociais, associada à crescente preocupação com a origem dos alimentos consumidos, têm levado à expansão das hortas urbanas, as quais apresentam uma diversidade de formas de organização, sistemas de produção e objetivos. Constatou-se, por meio das entrevistas realizadas, que a agricultura urbana tem propiciado a produção de alimentos para a subsistência, sem a utilização de agrotóxicos; a constituição de espaços de convivência intergeracional e intercultural; a busca de maior coesão social por meio das trocas de experiências entre os participantes; e o favorecimento de educação ambiental, que enfatizaram também a importância social e cultural dessas práticas de cultivo na cidade.