Paulo Margutti e José Crisóstomo discutem sobre a possiblidade ou a impossibilidade de ultrapassar o representacionismo correspondentista e principalmente o eventual linguocentrismo da filosofia contemporânea, pós-virada linguística, em que parece que da linguagem pode-se passar apenas à linguagem, a cujo círculo mágico estaríamos, desse modo, inevitavelmente presos. Sendo assim, o mundo “aí fora” novamente nos escapa e o relativismo, o agnosticismo e o ceticismo de novo nos espreitam. Em Nietzsche, é a linguagem, sempre metafórica, que se adéqua aos nossos modos prático-perspectivistas, corpóreos e afetivos, de “recortar” o mundo, ou é o contrário? E em Maturana, o que vem primeiro? Para Crisóstomo, para quem no começo está o ato, ultrapassamos tudo isso através de nosso emaranhamento prático com o mundo, por meio da natureza sensível criativa de nossas práticas e pela tradução de crenças em condutas. Enquanto que, para Margutti, nada disso parece deslocar a primazia incontornável da linguagem, como prática ela própria. Sobre isso, Margutti pergunta pelo suposto aproveitamento, por Crisóstomo, no seu ponto de vista prático-poiético criativo, em versão alegadamente não idealista nem dualista, da noção de autoconsciência, central no idealismo alemão.