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Africa and the Portuguese Tropical Geography Missions of the second half of the 20th century

O conhecimento científico de África, e da África portuguesa em particular, realizou-se tardiamente em relação a outros territórios e a outros impérios. Foi sobretudo após 1945 que se iniciaram trabalhos científicos articulados e consistentes sobre os territórios do império português. A Geografia, enquanto disciplina científica autónoma, acompanhou as mudanças institucionais de planeamento e coordenação da investigação científica nas colónias portuguesas, protagonizadas pela Junta das Missões Geográficas e de Investigações Coloniais, mais tarde Junta de Investigações Coloniais, e Junta de Investigações do Ultramar.Este texto debruça-se sobre as Missões de Geografia financiadas por este organismo no pós-guerra, com particular destaque para três casos: A Missão de Estudos de Geografia Física de Angola (1958-1961), o Agrupamento Científico de Preparação de Geógrafos para o Ultramar (1958-1973), e a Missão de Geografia Física e Humana do Ultramar (1960-1973). Todas moldaram fortemente a investigação geográfica que se fez nos trópicos, e em África em particular, durante cerca de duas décadas.Entre outras fontes dispersas, para este trabalho consultaram-se os processos referentes às três iniciativas supracitadas que foram conduzidas nos territórios coloniais portugueses, e produzidos no âmbito da comissão executiva da Junta de Investigações do Ultramar, que, desde a extinção do Instituto de Investigação Científica Tropical, se encontram à guarda da Universidade de Lisboa. Um trabalho de maior folego publicado recentemente faz uma análise mais detalhada destas missões, sobretudo tendo em vista os trabalhos específicos de Orlando Ribeiro em Angola, e em particular os seus cadernos de campo (Sarmento, 2022).

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Geography and Portuguese colonialism on the Equator: the Report of Francisco Tenreiro’s first fieldwork practice in São Tomé (1956) and its institutional and political context

O arquivo do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa guarda um exemplar do Relatório da primeira campanha de estudo que Francisco Tenreiro realizou na ilha de São Tomé em 1956, tendo em vista a preparação da tese de doutoramento que defenderia cerca cinco anos depois, intitulada A Ilha de São Tomé: estudo geográfico, e que veio a constituir um marco na produção da chamada «Escola de Geografia» de Lisboa. Trataremos aqui de analisar este documento inédito e de o cruzar com outro material de arquivo, de modo a extrair resultados sobre três tópicos principais: (1) os princípios metodológicos e as condições técnicas que enquadraram a realização do trabalho de campo em causa; (2) a articulação entre este exemplo de trabalho de campo geográfico em terreno tropical e os desígnios de «ocupação científica do ultramar» preconizados pelo regime do Estado Novo português em contexto de colonialismo tardio; (3) a reconstituição dos principais círculos de afinidade pessoal e científica – designadamente agentes e instituições de cooperação científica nacional e internacional – que materializaram as circunstâncias que enquadraram a elaboração deste Relatório e, em boa medida também, o corpo principal da obra geográfica de Tenreiro.

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