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Segurança Alimentar e Nutricional da população brasileira em tempos de pandemia: a quem se destina a ciência da Nutrição?

No contexto da pandemia causado pela COVID-19, o campo da nutrição colocou em evidência alguns conhecimentos como a produção de alimentos imunoprotetores, alimentação saudável e manual de boas práticas de higienização dos alimentos. Por outro lado, nos perguntamos: a população tem acesso aos alimentos? Nesse sentido, este trabalho caracteriza-se como um ensaio que visa refletir sobre esta pergunta, analisando barreiras encontradas pela população brasileira para o acesso a alimentação no contexto da pandemia. A dificuldade de acesso à alimentação adequada irá influenciar negativamente no consumo alimentar. Portanto, é necessário avaliar todos os fatores que norteiam o acesso à alimentação, sendo eles econômicos, políticos, sociais e estruturais, considerando a importância das medidas governamentais urgentes para garantir o direito básico à alimentação. Já existem documentos sugerindo estratégias de combate a fome neste cenário de pandemia, sendo as principais ações a criação de renda básica para a população vulnerável, estímulo a produção de alimentos por parte da agricultura familiar; proporcionar às regiões periféricas o acesso a esses alimentos e a criação e fortalecimento de políticas que visem garantir o Direto Humana a Alimentação Adequada para toda a população.

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“Eu que lute nessa quarentena pra ficar com corpo desse”: discursos sobre corpo e alimentação nas redes sociais em tempos de isolamento social

O distanciamento social foi adotado como a principal medida de enfrentamento à Covid-19, e as redes sociais ganharam destaque como forma de garantir a interação social, momentos de lazer e acesso à informações. Apesar de suas potências, a interação nas redes sociais pode fortalecer a idealização da magreza e o reforço ao estigma do peso. O presente estudo, amparado na abordagem qualitativa, avaliou o conteúdo de comentários associados à publicações centradas na exposição corporal de 10 perfis de mulheres consideradas influenciadoras fitness no Instagram. Foi selecionada uma publicação de cada influenciadora, postada durante o primeiro mês da quarentena. Os comentários foram divididos em três categorias: O medo de engordar e a sombra do estigma do peso; Conflitos corporais, comparações e desejo de mudança do próprio corpo; e Desmerecimento, culpabilização e conflitos em relação à própria alimentação. Observou-se, pelos comentários, grande preocupação com o ganho de peso, associada às mudanças no comportamento alimentar e a falta de atividade física geradas pela quarentena, reforçando o estigma social da obesidade. Ademais, constatou-se exaltação da magreza, permeada pelo desejo de modificação do próprio corpo como forma de alcançar as realizações pessoais associadas a ele, atrelada a ideia de que é algo fácil e dependente apenas de esforço individual.

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Comer em tempos de Covid-19: a experiência de um morador em uma comunidade carente

Este trabalho trata de uma análise narrativa sobre o comer em uma comunidade carente, território remanescente quilombola e as relações compreensivo-hermenêuticas que se estabeleceram naquele espaço simultaneamente ao advento da pandemia por Covid-19. Foram analisadas narrativas de um membro do Quilombo do Orobu, localizado na cidade de Salvador, Bahia, Brasil, obtidas de modo virtual. Utilizou-se a metodologia interpretativa com contribuições dos escritos de Gadamer, que remeteu aos significados histórico-sociais para interpretação do comer, da fome, do mundo do trabalho, do pertencimento e do distanciamento físico como medida de prevenção ao novo coronavírus em uma comunidade culturalmente aglomerada. A principal contribuição da interpretação dessa experiência narrativa surge da percepção de moradores da comunidade quanto a ausência de escuta ativa por parte do poder público, pertencimento alimentar ancestral e a compreensão aparentemente antagônica de isolamento sociointerativo dos moradores para enfrentar o Covid-19. Para um momento pós-pandêmico, veio à tona a interpretação da necessidade de discussões sobre a renda mínima infantil relacionada à alimentação escolar para crianças de baixa renda como medida de proteção à Segurança Alimentar e Nutricional na comunidade.

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SARS-COV-2 pandemic: the food insecurity and social inequalities in Brazil

The COVID-19 pandemic has resulted in the most severe global public health crisis in the last century. SARS-CoV-2 emerged in China in December 2019, and since then, it has been quickly spreading around the world. After Europe and North America, the virus has arrived in Latin America. Among the developing countries, Brazil has been the most affected by the pandemic causalities, which is a concern, since social and economic disparities may favor its severity. In an attempt to reduce virus transmission, public health measures have been implemented by the states, despite the lack of assistance from the Brazilian federal government. Implementing social distancing and hygiene measures have not been possible, mainly due to the unfavorable social conditions of economically vulnerable people. Thus, the pandemic is exposing the evidence of social inequalities in the country, which in turn deepens the public health crisis. Here, we discuss evidence from relevant topics that are influencing the course of the pandemic in Brazil, including food insecurity, social aspects and public health political issues. The pandemic has exposed the need for maintaining and improving the social care and food security of vulnerable groups as well as the harm of ignoring them. Thus, more effective mitigation measures must be thought and applied in Brazil to improve the handling of this pandemic and the next ones.

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A percepção do nutricionista sobre os hábitos alimentares de pacientes em trabalho “home office” durante a pandemia da Covid-19: um relato de experiência

Apresentar as percepções de nutricionistas docentes sobre a alimentação de funcionários de uma universidade, assistidos pelo Curso de Nutrição durante a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Metodologia: Trata-se de um relato de experiência sob a forma narrativa. A consulta era individual, assegurando a participação voluntária e consentida, e confidencialidade dos dados colhidos bem como a identidade do funcionário, as informações sobre alimentação, sobretudo as mudanças ocorridas durante a pandemia foram relatadas durante a consulta e organizadas de como vantagens e desvantagens da pandemia para a alimentação. Resultados: Foram realizados 27 atendimentos e, posteriormente, os retornos. Como vantagens destaca-se: a busca por alimentos mais saudáveis; reaproximação, das práticas culinárias, como elaboração das refeições; busca por receitas e retomada de antigos hábitos alimentares; melhora da qualidade da dieta, pela interrupção do acesso físico à restaurantes e lanchonetes, levando à um menor consumo de alimentos marcadores de alimentação não saudável. Como desvantagem: o trabalho home office e a nova rotina impuseram limitações de acesso a alimentos frescos e in natura; o alimento foi percebido como “válvula de escape”, “pequeno prazer” ou mesmo “para relaxar”; omissão de refeições, ou refeições fora do horário; quebra de rotinas e outras situações de mudanças para hábitos não saudáveis. Conclusão: A recomendação do distanciamento social trouxe consigo mudanças nas relações de trabalho e modos de vida e alimentação. Entender as escolhas, os hábitos de consumo, a maneira de organizar e realizar as refeições e os comportamentos alimentares, torna-se essencial, principalmente, neste momento.

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