Abstract

Neste artigo fazemos uma releitura, com lentes feministas, de duas infl uências históricas do pensamento latino-americano sobre a tecnologia social. Em um primeiro momento, olhamos para o movimento independentista da Índia, na primeira metade do século xx, que incorpora à sua causa uma política de disseminação da charkha, uma espécie de roca de fi ar. Difundida no período em que Gandhi liderou o movimento, a fi ação passou a ser símbolo da luta nacionalista, e é tida como exemplo emblemático de alternativa sociotécnica. Em um segundo momento, analisamos o “movimento de tecnologia apropriada”, como um conjunto de refl exões e iniciativas que se popularizam nos anos 1970 para a disseminação de tecnologias supostamente adequadas à realidade das regiões empobrecidas do sul. Ocupando-nos de preencher as lacunas analíticas de gênero, destacamos as contribuições de autoras que desvelaram o caráter androcêntrico de tais políticas, explicando como se produzem tecnologias inadequadas a partir da oclusão do trabalho das mulheres e das demandas comunitárias de cuidados no meio rural africano e asiático. Por fi m, tecemos conexões entre o gênero e a construção de alternativas sociotécnicas e argumentamos que é na invisibilidade do caráter feminizado do cuidar e na incorporação acrítica da lógica produtivista que a tecnologia social encarna o androcentrismo

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