Abstract

A dívida externa elevada e o déficit crônico em transações correntes obrigam o Brasil a produzir superávits comerciais significativos. A agricultura tem dado uma grande contribuição, dado que o valor de suas exportações vem crescendo a taxas mais elevadas que a dos demais produtos, resultando num bem vindo superávit comercial agrícola. Entretanto, apoiar-se na agricultura como principal fonte de divisas coloca o país numa situação de vulnerabilidade: a demanda mundial por produtos agrícolas é relativamente decrescente, a variabilidade dos preços e quantidades do comércio agrícola é bem maior do que a dos produtos industrializados, e as relações de troca das exportações agrícolas têm declinado nos últimos 30 anos. Esses fatos levam a concluir que as razões que levaram à adoção do modelo de substituição de importações voltaram a ser pertinentes na atualidade e que o aumento das quantidades exportadas de produtos agrícolas não necessariamente significa melhoria do bem estar da sociedade brasileira.

Highlights

  • The high foreign debt and the chronic current account deficit force Brazil to produce significant trade surplus

  • Agriculture has been giving a great contribution as its export value has been growing at higher rates

  • on agriculture as main source of exchange value puts the country in a vulnerable situation

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Summary

Crescimento econômico e necessidade de divisas

Segundo o enfoque tradicional do balanço de pagamentos, o saldo do comércio de bens e serviços depende das taxas de crescimento local e mundial e da taxa de câmbio real. A análise por subperíodo mostra que essa diferença positiva deve-se ao bom desempenho da balança comercial dos 3 últimos anos, ocasião em que o crescimento médio das exportações superou as necessidades em 11,8%, não tanto pelo aumento das exportações, que foi de 8,0%, mas pelo declínio do PIB expresso em dólar, à taxa média anual de 4,9%4. Isso foi possível porque o valor das exportações cresceu quase 10% a.a. a partir de 2000, mas também porque, com crescimento econômico irrisório acumulando apenas 3% em 3 anos, o valor das importações de bens e serviços teve redução superior a 5% a.a. Quando a economia voltar a crescer a taxas que resultem em melhoria da qualidade de vida da população brasileira, as importações também crescerão, trazendo de volta os déficits em transações correntes, bem como a possibilidade de crises no balanço de pagamentos, se o comércio de bens e serviços não for capaz de prover as divisas necessárias para honrar os compromissos externos

O comércio agrícola brasileiro
Findings
A evolução das relações de troca tem sido desfavorável ao Brasil
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