Abstract

Nesse texto o objetivo é analisar como a violência simbólica exercida contra as mulheres no espaço familiar se estende ao espaço acadêmico universitário brasileiro. A hipótese é que neste processo são reproduzidas as estruturas de dominação simbólica masculina desenhadas pela família patriarcal brasileira durante gerações, o que torna este tipo de violência mais sutil se comparada à violência física, mas não menos devastadora. Estudantes universitárias brasileiras são constantemente alvo de agressões verbais, humilhações, abusos morais e psicológicos por parte de professores, colegas e funcionários que compartilham com elas o espaço acadêmico, mais tais atos são recorrentemente naturalizados pelos agressores, e, muitas vezes, também pelas próprias vítimas por estarem impregnados na sociedade brasileira. A análise se apoia principalmente nos estudos de Bourdieu sobre a dominação masculina e o poder e a violência simbólicos. Recebido: 19/08/2019Aceito: 05/01/2020

Highlights

  • In this text the objective is to analyze how the symbolic violence exerted against women in the family space extends to the Brazilian university academic

  • A naturalização da violência simbólica contra as mulheres nos campi também pode ser sentida nas respostas dadas pelos homens entrevistados na pesquisa: somente 2% admitiram espontaneamente ter cometido algum tipo de violência contra as colegas universitárias, mas, ao serem confrontados com a lista de violências o número subiu para 38%, mas ainda assim eles não reconheceram seus atos como agressões, e sim brincadeiras ou simples respostas ao comportamento das colegas:

  • In: CARVALHO, Maria do Carmo Brant de et al A família contemporânea em debate

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Summary

A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA CONTRA A MULHER

Para Bourdieu (1989), a violência simbólica é consequência do poder simbólico, um tipo de poder invisível que regula práticas e condutas dos membros de uma sociedade e tem força suficiente para moldar sua identidade, pois se fundamenta na construção recorrente de valores, regras e normas de conduta que induzem pessoas a se comportar segundo seus critérios. 47), como um tipo de agressão “invisível às suas próprias vítimas e exercida pelas vias mais sutis de dominação”, pois se constrói por meio de formas de expressão de uma sociedade, ou seja, valores, comportamentos e hierarquias que contribuem para a reafirmação e reprodução uma ordem social. Muitas vezes as mulheres não veem a violência como um instrumento de imposição ou de legitimação da dominação, mas sim como um tipo de respeito que “naturalmente” se exerce para o homem, já que normalmente elas não têm capacidade crítica para reconhecer a arbitrariedade das regras impostas. Em episódios de violência simbólica contra a mulher, as regras da dominação e sua naturalização são transmitidas através da dinâmica de opressão feminina perpetrada pela família patriarcal, como afirma Bourdieu (2018, p. 120): “é, sem dúvida, à família que cabe o papel principal na reprodução da dominação e da visão masculinas”

A FAMÍLIA PATRIARCAL E A DOMINAÇÃO MASCULINA
Findings
São Paulo
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