Abstract

Introdução: As notificações de casos de violência doméstica contra a mulher são essenciais para o dimensionamento epidemiológico dessa questão. As unidades de saúde brasileiras devem realizá-las, embora essas notificações compulsórias tenham sido repetidamente apontadas pela literatura da área da saúde como não efetivadas ou realizadas com muitas incompletudes. Objetivos: Contribuir para compreender as dificuldades subjetivas de notificar a violência doméstica contra a mulher por profissionais da atenção primária à saúde no Brasil. Métodos: Uma amostra intencional de 14 profissionais da atenção primária à saúde foi entrevistada; eles tinham diferentes formações educacionais e trabalhavam em uma cidade do interior do estado de São Paulo, Brasil. As transcrições das entrevistas semiestruturadas, com questões abertas, foram submetidas a uma análise de conteúdo. Resultados: A análise resultou em seis categorias temáticas: falta de conhecimento dos meios de notificação; serviços de saúde “apropriados” para notificar; boletim de ocorrência policial como principal instrumento de notificação; a notificação seria opcional; o papel da notificação para a prevenção; e a burocracia excessiva. Discussão: Levanta-se a hipótese de uma oposição entre uma disposição atitudinal positiva para atender as mulheres vítimas de violência e aprender como relatar essas situações e, por outro lado, a falta de preparação profissional para realizar as notificações; a oposição entre notificar e denunciar também é discutida, dada a ambiguidade dos termos utilizados na ficha de notificação e no próprio Código Penal brasileiro. Discute-se também se a violência contra a mulher é considerada pelos entrevistados como uma questão de atenção básica à saúde.

Highlights

  • Reports of cases of domestic violence against women are essential for the epidemiological dimensioning of this issue

  • Cremos que nossa pesquisa contribui para o estudo da violência de gênero na Atenção Primária à Saúde (APS) ao ter constatado que, entre os participantes de nossa amostra, a despeito da predisposição positiva para aprender como melhor manejar as situações de violência doméstica contra a mulher, a racionalidade prevalente, no Notificação de violência doméstica contra a mulher que concerne à questão específica da notificação, conotou fortes resistências às funções indutoras das normativas legais e à produção bibliográfica brasileira nesta área

  • Todos os autores aprovaram a versão final e concordaram com prestar contas sobre todos os aspectos do trabalho

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Summary

ARTIGOS DE PESQUISA

Violência doméstica contra a mulher e os profissionais da APS: predisposição para abordagem e dificuldades com a notificação. Introdução: As notificações de casos de violência doméstica contra a mulher são essenciais para o dimensionamento epidemiológico dessa questão. Objetivos: Contribuir para compreender as dificuldades subjetivas de notificar a violência doméstica contra a mulher por profissionais da atenção primária à saúde no Brasil. Discussão: Levanta-se a hipótese de uma oposição entre uma disposição atitudinal positiva para atender as mulheres vítimas de violência e aprender como relatar essas situações e, por outro lado, a falta de preparação profissional para realizar as notificações; a oposição entre notificar e denunciar também é discutida, dada a ambiguidade dos termos utilizados na ficha de notificação e no próprio Código Penal brasileiro.

Tempo de formado Tempo na APS
Burocracia excessiva
Limitações deste estudo
Contribuição dos autores
Conflito de interesses

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