Abstract
Os anos 1970 e 1980, no Brasil, foram marcados pelo processo de abertura política e redemocratização. Neste mesmo período, uma eloquente produção de música experimental, alternativa e independente surgia com considerável força local, a chamada “Vanguarda Paulista”. O objetivo deste artigo é demonstrar que os espaços da música popular já estavam controlados pelas gravadoras multinacionais e o poder ideológico das canções havia sido neutralizado pela lógica da indústria cultural. Para tanto, utilizam-se os conceitos de “táticas cotidianas”, de Michel de Certeau; e de “Música de Invenção”, de Augusto de Campos, para analisar o desafio da Vanguarda Paulista em conseguir seu lugar à margem do espectro do mercado fonográfico, e atingir o grande público com a maior liberdade criativa possível. Neste contexto, o artigo seleciona os grupos musicais Rumo, Língua de Trapo e Premeditando o Breque (Premê), analisando canções que abordam temáticas relacionadas ao momento sociopolítico, utilizando autores como Marcos Napolitano, José Adriano Fenerick, Éder Sader e outros, que discutiram sobre este processo de abertura e suas implicações no âmbito cultural. Algumas conclusões parciais apontam que essas canções da Vanguarda Paulista formam bricolagens de estilos e gêneros musicais; e que podem ser ouvidas como relatos cotidianos de um determinado espaço temporal e físico.
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