Abstract

Este trabalho tem por objetivo levantar considerações a respeito dos pontos que unem a utopia de Christine de Pizan A Cidade das Damas, escrita em 1405, final do período medieval, e a distopia de Mary Shelley O Último Homem, texto escrito em 1826, início do século XIX. O texto de Pizan, a primeira utopia feminista escrita por uma mulher, nos coloca diante de argumentos que empoderam as capacidades intelectuais da mulher, problematizando seu papel na sociedade e trazendo alternativas para a desconstrução do pensamento misógino em relação às mulheres, através de um projeto utópico que cria a cidade ideal onde as mulheres têm espaço e voz. Já no texto de Shelley, primeira obra pós-apocalíptica/distópica escrita por uma mulher, encontramos o desenvolvimento de um mundo onde o projeto humano falhou devido à vontade de poder exacerbada, egoísmo e falta de amor nas relações sociais, fazendo com que a humanidade seja tomada por uma praga que poupa apenas um único sujeito. Imune à praga, o último homem descreve o fim da humanidade em meio a ponderações sobre fraqueza humana diante de suas intencionalidades monstruosas, o que impede a construção de uma sociedade justa. Escritos em épocas diferentes e com abordagens do mundo diferentes, os textos de Pizan e Shelley se unem diante do mesmo ponto que une o pensamento utópico ao distópico: a insatisfação com a realidade, e este é o ponto central de nossa análise. Para tanto, utilizaremos o apoio teórico de Garretas (1995), Deplagne (2012), Booker (1994), Cavalcanti (2006), Moylan (2016).

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