Abstract

Um dos grandes desafios da ciência política atual está no fato de que o pensamento político muitas vezes se manifesta como um substituto da religião: metanarrativas de um telos desmistificado para a história. Ao longo da produção literária da ciência política pós-iluminista, ideias de transformação social acabaram promovendo desejos de paraísos terrestres quase místicos, se não além-homem. As origens destes desejos seculares por um fim da história baseado em modificações econômicas são tanto psicológicas quanto históricas. Eric Voegelin, Martin Buber e Émile Cioran mostram como os socialismos desapossaram progressivamente a escatologia religiosa de sua esfera de atuação e a trouxeram à história comum, de forma a tornar cada vez mais possível para o homem acreditar que, em um momento futuro, qualquer ato político tornará lógico o absurdo, e harmônico o desarmônico. No presente trabalho, o autor visa apresentar uma crítica ao sistema utópico e à sua natureza de esperança religiosa, usando e avançando a proto-crítica austríaca.

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