Abstract
O presente artigo pretender estudar a recepção da filosofia de Max Stirner por Albert Camus em L'Homme révolté, nomeadamente a partir da articulação entre dois conceitos centrais nos pensamentos de ambos os autores: revolta e revolução. Num momento conclusivo, e com base na leitura comparativa entretanto desenvolvida, é proposta uma aferição da validade das objecções feitas pelo ensaísta franco-argelino à filosofia stirneriana, em particular no que à questão da comunidade e unicidade diz respeito.
Highlights
Ela é precisamente a inserção da ideia na experiência histórica quando a revolta não passa do movimento que conduz da experiência individual à ideia” (CAMUS, 2003, p. 132)
Trans/Form/Ação, Marília, v. 36, n. 3, p. 53-68, Set./Dez., 2013
Summary
Com vista a entender a hipotética ascendência das ideias desenvolvidas em Der Einzige und sein Eigentum sobre a meditação camusiana, importa referir preliminar e sucintamente o principal propósito atribuído por Camus a L’Homme révolté. Se a ideia de revolta não é, como reconhece Camus, inteiramente estranha à cultura helénica arcaica, em particular no que se refere à filantropia de Prometeu, o seu sentido propriamente metafísico só se manifesta plenamente na radical contestação da hegemonia da mundividência cristã no Ocidente, iniciada segundo o autor franco-argelino pelo marquês de Sade, e contemporânea da igualmente inédita ruptura encetada no campo político com a Revolução Francesa. Para Camus, esta revolta metafísica, movimento que leva um homem a insurgir-se contra a sua condição, adquire assim o seu sentido mais próprio em referência directa à imagem de um Deus pessoal a quem precisamente se atribui a autoria da Criação e de uma revoltante condição humana fidedignamente representada pela imagem de quem se conhece injustificada e injustamente condenado à morte. De um lado, os deuses e, do outro, os homens, mas degraus que iam
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