Abstract

Assumindo que a arquitetura e o pensamento filosófico a seu respeito são elementoes essenciais para a auto-compreensão do humano, este artigo defende três pontos acerca do papel do espaço e do tempo na arquitetura funcionalista e na sua crítica. (1) Dois exemplos significativos na História da Filosofia, nomeadamente, o conceito platónico de espaço (chōra) e o conceito kantiano de esquema (Schema) mostram que o espaço e o tempo como elementos básicos da experiência humana estão intimamente relacionados com a sensibilidade e a imaginação e não podem ser reconduzidos a uma funcionalização exclusivamente objetiva. (2) Defendo, em segundo lugar, que o funcionalismo arquitetónico não tomou deliberadamente em consideração os aspectos do espaço e do tempo que os ligam à sensibilidade e à imaginação. (3) Como resultado dos pontos precedentes, complementados por referências à posição do funcionalismo em relação ao tempo histórico e à relação de meios e fins, e considerando alguns autores importantes do séc. XX (Heidegger, Bachelard, J. Pallasmaa, G. Böhme), um terceiro ponto é defendido, a saber que as insuficiências atribuídas ao funcionalismo derivam do facto de que este ignorou o espaço e o tempo na sua relação com a sensibilidade e a imaginação. Estas teses mostrarão, finalmente, que a arquitetura pode ser entendida como um esquema sensível da auto-compreensão humana.

Highlights

  • (1) Two significant examples in the History of Philosophy, namely the Platonic concept of place and the Kantian concept of schema (Schema), show that space and time as basic elements of human experience are closely related to sensibility and imagination, and cannot be reduced to an exclusively objective functionalization

  • (2) Secondly, I argue that architectural functionalism deliberately did not take into account the aspects of space and time that link them to sensibility and imagination

  • Böhme), a third point is defended, namely that the shortcomings attributed to functionalism stem from the fact that it ignored space and time in its relation to sensibility and imagination

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Summary

Espaço e tempo como mediadores

Na sua narrativa cosmológica no Timeu, Platão descreve como o deus criou o tempo com duas características fundamentais. Não pode ser apreendido pela razão por meio de nenhuma definição ou conceito, mas é um receptáculo que recebe e alimenta a sensibilidade e as imagens sensíveis, um terceiro género invisível, afim da materialidade. Para um segundo exemplo significativo, discutido aqui também de modo somente indicativo, do espaço e do tempo como mediadores entre a sensibilidade e as formas intelectuais, podemos comparar a chōra platónica com um outro elo frequentemente discutido, e não menos delicado, entre o inteligível e o sensível, a saber, o esquema (Schema) kantiano. Segundo Kant, a mediação entre estas duas exigências opostas é realizada pelo esquema transcendental como uma regra de construção da experiência e dos seus objetos no tempo, segundo as determinações dos conceitos puros do entendimento, tais como a causalidade, substância, ação recíproca, possibilidade ou necessidade. Dois conceitos centrais do funcionalismo,[15] nomeadamente as suas posições relativamente ao tempo histórico e à relação meios­‐fins

Espaço e tempo abstratos e funcionais
Nota conclusiva
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