Abstract

El Tratado de San Ildefonso, suscrito por España y Portugal en 1777, establecía la demarcación de límites entre los imperios ibéricos en el Nuevo Mundo. Algunas de sus cláusulas también determinaban la cesión a España de las islas portuguesas de Fernando Poo y Annobón, situadas en el Golfo de Guinea. Carlos III y su secretario de estado, Floridablanca, deseaban obtener un territorio en la costa de África con el fin de nacionalizar la trata de esclavos en el imperio español. Este artículo examina los intereses y las condiciones que suscitaron el acuerdo para traspaso de la soberanía de las islas africanas y analiza las razones que impidieron a España consolidar su participación en el comercio negrero. Se argumenta que para comprender la política española con respecto a la trata de esclavos en las décadas de 1770 y 1780 es necesario examinarla a la luz del proceso de elaboración del «Reglamento de Comercio Libre» y de los conflictos territoriales hispano-portugueses en la América del Sur.
 
 [pt] O Tratado de Santo Ildefonso, firmado entre Espanha e Portugal em 1777, previa a demarcação de limites entre os impérios ibéricos no Novo Mundo. Algumas de suas cláusulas também determinavam que Portugal cedesse à Espanha as ilhas de Fernando Pó e Ano Bom, no Golfo da Guiné. Carlos III e Floridablanca, seu secretário de estado, desejavam obter um território na costa africana para permitir a atuação direta de comerciantes espanhóis no tráfico transatlântico de escravos. Este artigo examina os interesses e as condições que suscitaram o acordo para transferência da soberania das ilhas africanas e analisa os motivos que impediram a Espanha de firmar sua presença no comércio negreiro. Argumenta que para compreender a política espanhola para o tráfico de escravos nas décadas de 1770 e 1780 é preciso examiná-la à luz do processo de elaboração do «Reglamento de Comercio Libre» e dos conflitos territoriais hispano-portugueses na América do Sul.

Highlights

  • Cómo citar este artículo / Citation: Aladrén, Gabriel, “Uma bicoca na costa da África: a política espanhola para o tráfico de escravos, o Reglamento de Comercio Libre e as fronteiras ibéricas na América do Sul (1776-1778)”, Revista de Indias, LXXVII/270 (Madrid, 2017): 585-615, doi:10.3989/revindias.2017.019

  • Os dirigentes que assumiram a liderança das formações políticas criadas na esteira do desmantelamento dos impérios ibéricos na América do Sul se depararam com a necessidade de consolidar a ordem interna, assegurar a integridade territorial e definir as fronteiras dos emergentes Estados

  • Naturalmente, os conflitos militares e os tratados de limites celebrados entre Espanha e Portugal no período colonial receberam espaço privilegiado nas historiografias da Argentina, do Brasil e do Uruguai, muitas vezes em estreita relação com a produção de diplomatas e políticos que buscavam argumentos históricos para defenderem as posições de seus respectivos governos nas diversas negociações bilaterais que percorreram todo o século XIX e chegaram a adentrar o século XX

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Summary

GABRIEL ALADRÉN

A história das disputas políticas, militares e diplomáticas entre Portugal e Espanha pelos domínios coloniais na América do Sul é largamente conhecida e investigada, particularmente o longo processo de demarcação das fronteiras na região do Rio da Prata. Naturalmente, os conflitos militares e os tratados de limites celebrados entre Espanha e Portugal no período colonial receberam espaço privilegiado nas historiografias da Argentina, do Brasil e do Uruguai, muitas vezes em estreita relação com a produção de diplomatas e políticos que buscavam argumentos históricos para defenderem as posições de seus respectivos governos nas diversas negociações bilaterais que percorreram todo o século XIX e chegaram a adentrar o século XX. Para compreender a política espanhola direcionada ao tráfico de escravos e ao litígio dos limites na América do Sul durante o reinado de Carlos III é necessário examiná-la à luz das discussões travadas em torno do Revista de Indias, 2017, vol LXXVII, n.o 270, 585-615, ISSN: 0034-8341 doi:10.3989/revindias.2017.019. Que se materializava na esfera da geopolítica e da diplomacia, ficou evidente entre os anos de 1776 e 1778, quando foram celebrados os tratados hispano-portugueses e aprovado o Reglamento de Comercio Libre no império espanhol

Diplomacia e sistema interestatal nos tempos modernos
Guerra e reformas ilustradas no Atlântico Sul
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