Abstract

RESUMO Este artigo visa discutir a relação de artefatos zoológicos com a popularização do discurso científico a partir das ventarolas decoradas com beija-flores taxidermizados produzidas pela empresa M.&E. Natté, no Rio de Janeiro da segunda metade de século XIX. Seus leques frequentemente apresentam o beija-flor em cena narrativa, interagindo com um fragmento de natureza. Argumento que esses artefatos, mais do que outros produtos zoológicos, transmitem concepções científicas em voga à época, bem como a preocupação da M.&E. Natté em projetar uma imagem vinculada à história natural.

Highlights

  • INTRODUÇÃO “Museus públicos, em nove a cada dez casos, não são, infelizmente, boas escolas para delinear as atitudes ou as características dos animais”, proclamava Montagu Browne, em 1884, no seu manual de taxidermia.[2]

  • As ventarolas das senhoritas Natté, nas quais são tão habilmente empregados os mais belos beija-flores, são, certamente, uma útil lição de história natural para as damas das regiões do norte que a neve retém perto de seu vestíbulo”

  • Afinal, essencialmente objetos de sociabilidade, servindo de suporte para expressões artísticas e culturais:[65] eram particularmente adequados para comunicar conceitos e imagens de maneira mais inclusiva, através de uma indústria e esfera de consumo na qual as mulheres tinham um papel privilegiado

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Summary

UM BREVE HISTÓRICO

A indústria de artefatos zoológicos e de penas, no Brasil, tem sua origem vinculada à história da arte plumária não indígena e ao desenvolvimento da técnica de fabricação de flores de penas, história essa ainda pouco conhecida entre os estudiosos.[6]. Seu trabalho era tão elaborado, que teria recebido reconhecimento até na Europa.[8] O autor assinala, porém, que na década de 1870, momento em que publica seu livro, o convento já quase não tinha irmãs que se dedicassem ao ofício dos artefatos de penas, e nota que vinte anos antes a arte havia se secularizado, transferindo-se para o Rio de Janeiro e Santa Catarina.[9] A informação referente à decadência da produção religiosa em Salvador é muito rica em detalhes. Boa parte dos produtores no Rio de Janeiro faz parte deste fenômeno, como Mme. Finot, celebrada por Joaquim Manoel Macedo[15], ou Mme. Clémence, proprietária da loja Ao Beija-flor.[16] Em razão dessa peculiaridade, os produtos zoológicos, tão vinculados à imagem do Brasil como paraíso tropical, têm, desde sua produção, uma característica transnacional e dinâmica: eram frequentemente feitos por franceses, no Rio de Janeiro, com materiais locais e importados e, posteriormente, consumidos na Europa e na América do Norte como ornamentos tipicamente brasileiros

AS IRMÃS NATTÉ E A MANUFATURA DE PENAS
NATURALISTAS NO SALÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
FONTES IMPRESSAS
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