Abstract

Com foco na circulação de prosa do povo dos Buracos, ao norte de Minas Gerais, exploro a articulação entre os termos "povo" e "causo", com ênfase no último. Os causos - dizem os buraqueiros - ensinam sobre o povo. Com o intuito de tratar ambos os termos como conceitos nativos, questiono: Que espécie de conhecimento é conceituado pelo causo? Que forma de pensamento ele efetua sobre aquele povo? O que é um causo, afinal? Não se trata de buscar delimitações para esta forma narrativa, pois ela pode consistir tanto em frases curtas quanto em preleções de horas. Investigo, antes, as suas práticas criativas, isto é, as conversas triviais e as configurações relacionais contingentes das quais o causo surge. Descrevo como o narrador, ao contar sobre o povo, cria, qualifica, aproxima ou distancia as relações entre ele, os narrados e os ouvintes, atuando em um constante movimento de transformação do arranjo em que se constitui o povo. Por fim, analiso "o causo da televisão de dona Bibi" à luz das reflexões ora mencionadas.

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