Abstract

A descoberta do túmulo de Tutankhamon, em 1922, foi noticiada pela imprensa internacional, de forma inusitada, tornando este faraó e o arqueólogo responsável pelo achado sobejamente conhecidos de milhões de leitores. Ironicamente, Tutankhamon era um dos faraós menos conhecidos da história egípcia e Howard Carter um arqueólogo sem créditos firmados que, assim, literalmente de um dia para o outro, passaram da obscuridade para as páginas dos periódicos. Na imprensa portuguesa, a partir de 1925, a revista Diónysos reservou espaço em três números para pequenos ensaios, genericamente intitulados “Quem era Tutankhamen”, da autoria de Humberto Pinto de Lima, então assistente de Ciências Históricas da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Neste artigo apresenta-se uma análise detalhada desses textos, relevando o domínio científico das problemáticas pelo Autor e o seu contributo para a discussão dos temas de história egípcia entre nós.

Highlights

  • 227 JOSÉDASCANDEIASSALES & SUSANAM OTA | T U TA NKHAMONEMPO RT U G A L : R E L ATO SNAIMPRENSAPO RT UGUESA

  • Quando aborda o tópico seguinte do seu sumário (A história do Egipto vista pelos gregos), Pinto de Lima critica os europeus por encetarem o estudo do antigo Egito imbuídos do espírito helénico, nomeadamente através dos relatos de Heródoto, o que, na sua opinião, dificulta a compreensão histórica e explica o relativo desconhecimento existente sobre o “povo construtor das pirâmides”: Os europeus, ao encetarem o estudo das maravilhosas ruínas do vale do Nilo, fizeram-no imbuídos do espírito helénico, o povo mais a-histórico, na opinião de Spengler, e isso explica o desconhecimento em que até há pouco era tido o caracter do povo construtor das pirâmides

  • Particularmente atraído por Amenófis IV em detrimento de Tutankhamon, Pinto de Lima foi muito sensível à questão do culto solar atoniano e não resistiu, por isso, a uma análise aprofundada das origens e motivações deste culto e, socorrendo-se de egiptólogos de relevo do seu tempo, a traduzir para português o fundamental Hino a Aton

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Summary

Introduction

227 JOSÉDASCANDEIASSALES & SUSANAM OTA | T U TA NKHAMONEMPO RT U G A L : R E L ATO SNAIMPRENSAPO RT UGUESA. Quando aborda o tópico seguinte do seu sumário (A história do Egipto vista pelos gregos), Pinto de Lima critica os europeus por encetarem o estudo do antigo Egito imbuídos do espírito helénico, nomeadamente através dos relatos de Heródoto, o que, na sua opinião, dificulta a compreensão histórica e explica o relativo desconhecimento existente sobre o “povo construtor das pirâmides”: Os europeus, ao encetarem o estudo das maravilhosas ruínas do vale do Nilo, fizeram-no imbuídos do espírito helénico, o povo mais a-histórico, na opinião de Spengler, e isso explica o desconhecimento em que até há pouco era tido o caracter do povo construtor das pirâmides.

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