Abstract
RESUMO:Pretende-se buscar na obra de Ferenczi (textos e notas publicadas em seu Diário) os indícios de seu distanciamento das orientações de Freud em relação à pulsão de morte. Com isso esperamos mostrar que com Ferenczi se inaugura uma clínica centrada nas relações precoces do Eu com seus objetos primários, abrindo caminho para repensar o papel do objeto na constituição psíquica. Para tanto, abordaremos seu conceito de introjeção, bem como suas reflexões acerca do trauma desestruturante.
Highlights
Entretanto, as manifestações clínicas atribuídas à pulsão de morte nunca deixaram de intrigar os analistas, e muito da reflexão psicanalítica do século XXI remete às questões levantadas por Freud a partir de 1920 diante do encontro com uma dimensão que estaria além do princípio de prazer e além da representação
8 Em 1920, como se sabe, Freud faz os últimos acréscimos à sua teoria do trauma com a ideia de uma ruptura do sistema para-excitação por excesso quantitativo de excitação, abatendo o princípio de prazer e ameaçando o aparelho psíquico de implosão
Em um momento no qual as duas regras básicas do dispositivo clínico clássico parecem ter caído em desuso dado que a associação livre e a atenção flutuante pressupõem uma narrativa pautada no conflito entre o desejo e a proibição, ou seja, no modelo do recalque, a necessidade de se revisitar tanto a teoria quanto a clínica em busca de ferramentas para lidar com outras formas de organização psíquica se mostra premente
Summary
Um dos primeiros analistas a abordar as manifestações da pulsão de morte na clínica, oferecendo, mesmo que de modo não explícito, uma alternativa à ideia original do conceito, foi Sándor Ferenczi, cuja influência para a psicanálise contemporânea é, hoje, incontestavelmente reconhecida. Antes de nos determos propriamente na questão da pulsão de morte, é preciso abordar, ainda que de modo breve, o conceito de introjeção, pois foi por meio desta noção que Ferenczi pôde concentrar-se sobre a experiência de ser e sua articulação com o universo libidinal não redutível à experiência pulsional (VERZTMAN & PACHECO-FERREIRA, 2008).
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