Abstract

A ficção brasileira, desde meados do século XIX, como nos mostra Davi Arrigucci Júnior (1981) e Maria Cristina Batalha (2011), tem sido marcada pelo relato documental, seja nas experimentações regionalistas, seja no romance urbano. Para isso certamente contribuiu boa parte de nossos críticos e historiadores, que na maioria das vezes privilegiaram esse tipo de produção, em detrimento, por exemplo, da narrativa fantástica, em que o sobrenatural comparece de modo determinante. Neste início de século, no entanto, o fantástico vem ganhando cada vez mais espaço na ficção brasileira, apresentando-se como uma espécie de transgressão silenciosa (CARNEIRO, 2005) e configurando o que Roas (2014) define como traço marcante do gênero, ou seja, seu caráter de ameaça ao que entendemos por realidade. O propósito principal deste artigo é, a partir de breve análise de obras fantásticas de alguns autores brasileiros contemporâneos – Max Mallmann, Amilcar Bettega Barbosa, Carola Saavedra, Sérgio Sant’Anna – mostrar que o fantástico brasileiro, na contemporaneidade, mostra-se duplamente ameaçador: ao problematizar o conceito de real e ao remar na contramão de uma ficção tradicionalmente apegada ao documento.

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