Abstract

Este artigo trata de transferência reversa, isto é, a influência da L2 na L1, em situação de dominância da L1. Investiga-se a colocação pronominal clítica em complexos verbais no português brasileiro (PB) e no espanhol. O espanhol privilegia a próclise ao verbo auxiliar (posição pré-verbal/subida do clítico) ou a ênclise ao verbo principal (posição pós-verbal). O PB, por sua vez, perdeu a subida do clítico no século XIX. Embora a escola tente recuperar seu uso, a fala natural privilegia a próclise ao verbo principal (posição medial). Assim, em princípio, pode-se admitir que falantes escolarizados do PB aceitem a ordem com a subida do clítico. Por outro lado, uma aceitação plena da subida do clítico pode constituir um caso de transferência reversa, no contexto de falantes bilíngues de PB/espanhol. A fim de observar esse quadro, aplicou-se uma tarefa de leitura automonitorada com escala Likert para julgamento de gramaticalidade, manipulando a posição do clítico, em sentenças em português, a monolíngues de PB com alta escolaridade e bilíngues PB/espanhol. Os resultados demonstram que ambos grupos aceitam a subida do clítico, mas os bilíngues apresentam maior aceitação e são mais rápidos na leitura das sentenças em português com subida do clítico, sugerindo uma possível facilitação do espanhol no processamento de sentenças em português.

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