Abstract

A atenção aos propósitos do trabalho é uma exigência proporcional aos impedimentos contemporâneos para pensar e debater essa questão. A intensificação e a dispersão do trabalho, bem como sua casualização, incentivam o foco no presente em detrimento da projeção temporal implícita na atenção aos seus propósitos. As experiências de vida revelam os conflitos de propósitos (intrapsíquicos, interpessoais, sociais, políticos) no cerne do trabalho. Essas experiências de rutura biográfica, como a crise de saúde e seus confinamentos, podem levar a uma reavaliação do significado da vida e do trabalho. Elas nos permitem romper com a negação da interdependência de nossas esferas da vida e reavivar a questão do significado do trabalho. As perguntas sobre os objetivos perseguidos, a utilidade social das contribuições individuais, a possibilidade de associar o trabalho ao desenvolvimento pessoal, territorial, social e ambiental e as questões éticas e políticas associadas abrem um vasto campo de debate que nos permitirá retirar o trabalho da prioridade dada ao emprego.

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