Abstract

Entre os anos finais da década de 1950 e início dos anos 1960, os trabalhadores rurais foram protagonistas de um tempo de grande convulsão social. Atuando nas Ligas Camponesas ou nos sindicatos rurais, os trabalhadores mobilizaram lutas que tinham como finalidade a conquista de direitos, alcançando melhores condições de vida e trabalho. Essas experiências foram registradas cuidadosamente pelas autoridades policiais do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), que enxergavam nas mobilizações o desenvolvimento da ameaça comunista em Pernambuco. Dos registros policiais foi possível identificar a mobilização dos trabalhadores em Goiana, município da Zona da Mata Norte de Pernambuco. A partir da denúncia de incêndios nos canaviais das usinas pertencentes à Companhia Açucareira de Goiana, os investigadores policiais descreviam em seus relatórios a presença de “elementos perigosos” que contribuía para a “desestabilização da ordem” naquele município. Ao mesmo tempo, a análise dos registros policiais trouxe à luz a participação de protestantes nessas mobilizações sociais que, segundo a interpretação dos investigadores, promoviam uma nova modalidade de “infiltração comunista no campo”. Portanto, nosso objetivo repousa sobre a investigação da participação protestante nas mobilizações rurais em Goiana, enfatizando o papel dessas lideranças e sua aproximação com o debate sobre o Evangelho Social.

Highlights

  • Ahistória do protestantismo no Brasil ainda é um campo fértil de discussões

  • Working in the Peasant Leagues or in the rural unions, the workers mobilized struggles that had the purpose of conquering rights, achieving better living and working conditions

  • These experiences were carefully recorded by the police authorities of the Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), who saw in the mobilizations the development of the communist threat in Pernambuco

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Summary

Introduction

Ahistória do protestantismo no Brasil ainda é um campo fértil de discussões. Em geral, as análises se resumem a formação e consolidação desse segmento religioso no país, embora muitas vezes essas análises sejam feitas por escritores comprometidos com suas denominações, sem possuir, portanto, caráter historiográfico. Inicialmente a SAPPP foi resultado de mobilização restrita ao engenho Galileia; com o crescimento de suas atividades, a sociedade tornou-se o movimento de maior mobilização política e social do Brasil Republicano, as Ligas Camponesas.[12] Rapidamente as ligas alcançaram vários municípios, não só em Pernambuco, mas também em outros estados do Nordeste.[13] A situação se intensificou em 1959 quando o plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco aprovou o projeto de desapropriação do engenho Galileia, sancionado posteriormente pelo governador Cid Sampaio.[14] Tal medida representou uma vitória para os trabalhadores rurais, assim como despontou a mobilização por uma “reforma agrária na lei ou na marra” e contra a condição de exploração e miséria a que estavam submetidos.

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