Abstract
A escassa literatura sobre ensino jurídico e diversidade sexual e de gênero indica que as faculdades seguem um padrão tradicional e tecnicista, não dialogando com questões sociais, necessárias para profissionais do Direito. Diante disso, o presente trabalho buscou investigar se futuros profissionais se sentem preparados para lidar com questões relacionadas à diversidade sexual e de gênero e quais relações eles estabelecem entre suas formações universitárias e seus graus de preparo/competência. Foi realizada, então, uma pesquisa empírica de cunho exploratório, através da aplicação de 200 questionários com estudantes do último ano da graduação em Direito de uma universidade particular de Recife. Os dados coletados foram tabulados e analisados através de uma abordagem quantitativa, demonstrando, sobretudo, que apesar de uma parcela significativa (40%) dos pesquisados se sentir preparada para trabalhar com demandas de diversidade de gênero e sexualidade na sua prática profissional, poucos deles atribuem essa preparação ao ensino universitário, ou seja, 76,5% apontam que a universidade não ofereceu (13,5%) ou ofereceu pouca (63%) formação em diversidade sexual e de gênero. Com isso, então, pode-se dizer que o pensamento jurídico brasileiro carrega raízes do modelo positivista e, por isso, se limita, muitas vezes, ao que está posto nas leis e códigos. É necessário repensar o modelo de ensino jurídico vigente, suas características e a atuação docente perante o mesmo e, assim, potencializar o Direito enquanto ciência que desempenhe um papel importante no combate à discriminação, ao preconceito, produzindo mecanismos que garantam, efetivamente, direitos fundamentais a populações vulneráveis.
Highlights
The scarce literature on legal education and sexual and gender diversity indicates that universities follow a traditional and technical pattern, without dialogue on social issues necessary for legal professionals
The present study aimed to investigate whether future professionals feel prepared to deal with issues related to sexual and gender diversity and what relationships they establish between university degrees and degrees of preparation/competence
The data collected were tabulated and analyzed using a quantitative approach, demonstrating, mainly, that despite a significant portion (40%) of the researchers feel prepared to work with demands on gender and sexuality diversity in their professional practice, only a few of this preparation is attributed to the university, that is, 76.5% points to a university that does not offer (13.5%) or offers little (63%) training in sexual and gender diversity
Summary
Durante a construção da ideia deste trabalho, tínhamos em mente o desejo de problematizar a formação universitária em Direito e correlacionar com a temática de diversidade sexual e de gênero, objetivando entender se os futuros profissionais do âmbito jurídico estariam preparados para trabalhar com tais questões. Considerando que um jurista, hoje, está cada vez mais inserido nos serviços e nas políticas públicas que envolvem a população LGBTQI+, neste artigo, pretende-se analisar como está ocorrendo à formação desses profissionais para lidar com questões que envolvam gêneros e sexualidades, investigando se futuros profissionais do âmbito jurídico (último ano da graduação em Direito) se sentem preparados para lidar com essas questões e verificando as relações que eles estabelecem entre suas formações universitárias e seus graus de preparo/competência. E 15 de novembro de 2019, em Recife, Pernambuco, resultando no convite da revista REVES (Revista Relações Sociais) para publicação do manuscrito
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