Abstract

A Península Antártica Oeste é uma das regiões do planeta que está se aquecendo rapidamente e apresenta alta diversidade animal principalmente ao longo de sua plataforma continental. Esta região também é de grande importância devido à mistura causada pela interação de águas do Mar de Weddell (MW), do Estreito de Bransfield (EB) e da Corrente Circumpolar Antártica (CCA) que transmitem características termohalinas e nutrientes de diferentes locais de formação e mais tarde se conectam com todos os oceanos do planeta. Entretanto, estudos sobre a variabilidade temporal das condições oceanográficas desta região que consequentemente determinam a formação de massas d'água, são escassos em função das dificuldades logísticas envolvidas em levantamentos oceanográficos e monitoramentos tradicionais durante os meses de inverno. Para esse trabalho, variações da estrutura termohalina e das massas d'água nas proximidades e abaixo do gelo marinho na região norte da Península Antártica (PA) e Mar da Escócia (ME) foram registradas entre os meses de fevereiro e novembro de 2008 por duas fêmeas de elefante-marinho do sul (EMS, Mirounga leonina) instrumentadas com Conductivity - Temperature - Depth/Satellite-Relay Data Logger (CTD - SRDL). 1330 perfis verticais de temperatura e salinidade foram coletados por estes indivíduos que foram instrumentados pelo Projeto MEOP-BR na Ilha Elefante, Shetlands do Sul. Esses perfis, juntamente com diagramas de estado espalhado permitiram a identificação de massas d'água e suas alterações na estrutura vertical oceânica. Dentre as massas d'água identificadas citamos: Água de Superfície Antártica (AASW), Água de Inverno (WW), Água Cálida Profunda (WDW), Água Cálida Profunda Modificada (MWDW), Água Circumpolar Profunda (CDW), Água Profunda Circumpolar Superior (UCDW), Água Profunda Circumpolar Inferior (LCDW) e Água de Plataforma de Gelo (ISW). Nossos resultados mostram que a estrutura vertical oceânica sofre alterações que tradicionalmente não podem ser monitoradas, principalmente durante o inverno austral, e que os EMS são importantes e modernas plataformas para coleta de dados oceanográficos, permitindo um aumento em nosso conhecimento dos processos oceanográficos na região antártica.

Highlights

  • Dificuldades na realização de medidas in situ no Oceano Austral (OA) comprometem o entendimento deste sistema, dificultando a interpretação da influência das mudanças climáticas sobre esta região (Hofmann e Klinck, 1998; Boehme et al, 2009; Gordon, 1966)

  • Graças ao avanço da microeletrônica, foram desenvolvidas plataformas remotas de coletas de dados (PCDs) que por possuírem sensores de pressão, temperatura e condutividade atuam como mini-CTDs (Conductivity-Temperature-Depth)

  • Uma vez que os animais saíram ao mar, os dados foram coletados na região norte da Península Antártica e Mar da Escócia entre os meses de fevereiro e novembro de 2008, sendo utilizados para gerar diagramas de estado espalhado e identificar as massas d’água e alterações na estrutura termohalina do oceano austral nos locais visitados pelos animais

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Summary

INTRODUÇÃO

Dificuldades na realização de medidas in situ no Oceano Austral (OA) comprometem o entendimento deste sistema, dificultando a interpretação da influência das mudanças climáticas sobre esta região (Hofmann e Klinck, 1998; Boehme et al, 2009; Gordon, 1966). A separação das águas do MW e do ME é denominada Confluência Weddell-Escócia (Gordon, 1967), onde há mistura de águas da Corrente Circumpolar Antártica (CCA) e do Giro de Weddell (GW) com águas da plataforma noroeste do MW (Whitworth III et al, 1994). A Confluência Weddell-Escócia (CWE) é considerada uma região de grande mistura de massas d’água devido à forte turbulência gerada pela elevação de águas originadas no MW ao atravessar a ESME e pelo cisalhamento do CCA com GW (Franco et al, 2007). Como características termohalinas das massas d’água presentes na região, a Água de Superfície Antártica (AASW), possui valores de temperatura potencial (Θ) menores que 1 oC e valores de salinidade entre 33.0 e 34.50 psu, sendo definida pela sua localização acima de 200 m na coluna d’água e não por valores fixos de temperatura potencial e salinidade. O presente trabalho também objetiva comprovar a viabilidade do uso de dados de mini-CTDs instalados em EMSs para estudos nas regiões de interesse do PROANTAR no Oceano Austral

MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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