Abstract

A corrupção é um fenômeno social amplamente estudado que permeia o debate público brasileiro com maior intensidade nos últimos anos. Neste artigo assumimos que a ideologia neoliberal propaga uma concepção particular de corrupção situada predominantemente nos agentes públicos cujo remédio passa, por consequência, pelo enfraquecimento do Estado. Esta concepção é amplamente difundida por organizações internacionais que apresentam soluções pré-concebidas para eliminar a corrupção. Neste sentido, este artigo se propõe a investigar de que forma se apresentam os discursos atrelados à corrupção divulgados nos relatórios corporativos anuais de uma grande empresa envolvida em caso de corrupção. Para isso foi utilizada a Análise Crítica do Discurso, mais especificamente o modelo tridimensional de Fairclough. Entre os principais achados foi possível concluir que em seus relatórios a empresa procura se eximir de responsabilidade pelos atos de corrupção, suavizando-os e atribuindo-lhes a um grupo específico dentro da organização. Ademais, foi possível identificar um alinhamento com a concepção neoliberal da corrupção por meio da responsabilização do Estado enquanto agente da corrupção, bem como pela adoção de soluções prontas difundidas e legitimadas por organizações internacionais de orientação neoliberal.

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