Abstract
O objetivo geral do presente artigo consiste em analisar e descrever criticamente a ameaça panóptica e o racismo estrutural, bem como as suas intersecções, a partir das obras de Michel Foucault e Achille Mbembe. Por um lado, em Vigiar e Punir, Foucault argumenta que o panoptismo representa um modelo governamental centrado na capacidade do Estado de exercer a dominação sobre os indivíduos, ao evidenciar o nascimento de uma sociedade disciplinar onde a visibilidade e a vigilância são mecanismos indispensáveis à manutenção do ordenamento totalitário. Por outro lado, em Crítica da Razão Negra, Mbembe examina a problemática ontológica do estado de raça e evidencia que o seu embasamento anticientífico hierarquiza grupos humanos, legitima intervenções de exploração e violência, promove a degradação das identidades não-europeias, assim como enfatiza que a representação da humanidade racializada serve de dispositivo para a desumanização e o controle social. Com base nesta fusão de horizontes, através de uma metodologia analítico-descritiva que coaduna revisão bibliográfica, leitura aproximada e escrita criativa, pretende-se demonstrar enquanto resultado de pesquisa até que ponto os dois filósofos compreendem a relação entre poder, saber e subjetividade, bem como de que maneira eles acenam para uma crítica à retroalimentação necrobiopolítica entre o panoptismo e o racismo na contemporaneidade.
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