Abstract

Resumo O objetivo deste texto é retomar pontos importantes da obra de Clóvis Moura e apontar possíveis diálogos dessas contribuições com a área de Estudos Organizacionais. A partir de uma perspectiva que põe a questão racial no centro de nossa formação social, é possível se distanciar de abordagens que relacionam o “atraso” na periferia do capitalismo a práticas administrativas defeituosas. Para isso, recorre-se à obra de Moura, da qual foram discutidos os seguintes elementos: a ênfase no papel do escravizado rebelde no desgaste do escravismo; a crítica às técnicas contemporâneas de seleção profissional, cultural e política; o papel da práxis social dinâmica; e a relação entre problemática racial e dependência econômica. Com base nessas ideias, foram apontadas pontes com o estudo das organizações, abrindo possibilidades para: i) questionar leituras contemporâneas que colocam o dominante como protagonista de eventuais transformações sociais, por intermédio do reconhecimento do potencial dos dominados de recobrar sua autonomia; ii) analisar como as organizações são espaços decisivos de reprodução das desigualdades, apontando a ideia de promoção da diversidade nas empresas como um componente do mito escamoteador da realidade social; iii) refletir sobre como os movimentos contemporâneos de resistência, inspirados na quilombagem, podem ser pensados com base em sua capacidade de desgastar o sistema vigente a partir de uma articulação de grupos marginalizados; iv) refletir como a superexploração do trabalho, aliada à austeridade econômica do Estado e à violência policial e paraestatal, demonstra que a herança da escravidão se metamorfoseia para continuar se reproduzindo e sustentando o capitalismo dependente diante dos novos artefatos e arranjos organizacionais.

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